E por que não nos referir às sextas como sinônimo de esperança? Por que não lidar com as coisas como se tudo fosse, basicamente, a véspera de um descanso próspero e feliz? Chega a ser triste, mas, muitas vezes, o nosso maior problema está implícito na espera por algo póstumo.

Por que não viver e fingir, singelamente, que todos os outros quatro dias úteis da semana são sextas? Ou até mesmo que todos os demais são como as segundas… que não tem fim! Qual limitação da mente explicaria a certeza da inexistência do amanhã em contrapartida ao desejo de controlá-lo?

Se não há certezas, cada dia é tudo o que se tem. Sem passatempos ou contratempos, a firmeza de se negar não viver deveria embasar o aproveitamento de cada segundo de forma individual. Afinal, quem saberia o que será depois de agora? Ninguém que seja capaz de apontar o caminho, visto que o único responsável nos deu o presente da escolha.

Por que deixar que a ansiedade das segundas assim como o tédio das quintas passem a nos consumir diariamente? Por que os domingos – marcos do recomeço – precisam de uma nuvem cinza, mais preocupada em escurecer o tempo do que em propiciar danças na chuva?

Já pararam para pensar que o primeiro dia útil da semana é, na realidade, o início da trajetória pela qual realizamos sonhos? Que nele todos os laços invisíveis e intensos se revitalizam, cujo encontro da rotina – que quase sempre nos corrói – é, visivelmente, necessário? Talvez único e enérgico?

Por que tanta idolatria às sextas se são nelas em que toda pateticidade, carência e inoportunidade se explicitam? Por que não amar, fazer e viver, essencial e especialmente, os sete dias da semana?

Em tempos em que “carpe diem” é estimulado, por que não viver como se todo instante tivesse a mesma importância? Como se todos os problemas do mundo explodissem apenas pela alegria de poder seguir em frente?

Que sejamos mais compreensivos com as segundas e mais gentis com as terças. Mais pacientes às quartas e leves às quintas. Livres como as sextas, ilimitados como os sábados e consequentes como os domingos. Além disso, talvez o mais importante seja sermos felizes com o hoje. E só.

    Deixe um comentário

    O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *