Estava assistindo às explicações de Nando Reis acerca do que escreveu
E me incomodou, inconvenientemente, a constatação da ausência de registro de tudo aquilo que me marcou
A justificativa mais adequada talvez seja porque não enxergo em meus textos uma beleza a ser exposta
Tampouco um lembrete consultado por alguém que precisa de um sinal externo para agir
Tocou na ferida o argumento utilizado por ele de que,
embora tudo tenha um ponto de partida,
Nenhuma sentença é verdade absoluta
Já que, com o tempo, as interpretações se divergem e as histórias seguem rumos autônomos
A minha memória falha, por sua vez, entrega o motivo que faz este espaço tão especial
Embora a minha vergonha faça com que eu apareça cada vez menos por aqui
Eu preciso ler mais, escrever mais
E quem sabe, um dia, alguém leia alguma coisa
E dê às minhas palavras um rumo totalmente diverso do originário
Não há elogio maior para um sonhador do que ser a tradução de um sentimento compartilhado
O jogo de letras, concordâncias e rimas (quase inexistentes)
É a arte de mostrar o caminho para que alguém crie o próprio destino
Sempre repito que só faço questão de ser lembrada por aqueles que amo
Mas seria bom fazer parte, através da alma que coloco em cada trecho,
Da trajetória de alguém que recorre aos textos para socorrer (a si mesmo ou ao próximo)
É similar ao que me salva do mundo em qualquer contexto que imaginar
Para cada amor que senti, vivi ou sonhei
Um diálogo foi criado, esquecido e eternizado
Apenas por momentos pontuais que reatam
A infinitude do que me invadiu outrora
Peço desculpas pelo acompanhamento tão falho
Da minha mente que corre uma maratona em um segundo
Mas vocês me enxergariam de outra forma
Se compartilhasse, em junções de sílaba,
A imensidão que coube em 23 anos de experimentações e votos de confiança
Eu poderia ter acertado em tanta coisa
Errado em outras tantas pela adrenalina…
Não sei quando (nem porque)
E continua…