Eu era só os frontais separados
E a negação dos modismos que alienaram a geração
É natural que a discrição passe despercebido…
Chamar a atenção sempre me pareceu brega  
Meu amor é pelo subentendido, pelo substrato
É saber que, atrás da gentileza,
Existe um carrasco sutil
Mas era de mais me importar de menos 
Com o que o entorno reverenciava 
Enquanto a multidão vivia em busca das constatações externas
Eu estava imersa no que as palavras podiam ensinar
Aprofundada nos aprendizados que só abstrair despertariam
Ciente de que muito do que escrevo se perderá com o tempo
Sem mesmo ter tido a oportunidade de se pendurar
Mas, quando o faço, é porque sinto eminente o que chamam de arte
Experimentá-la, tão proximamente, me recarrega
Eu gostaria de cantar se tivesse o dom
Todavia me resta, simplesmente, a cadência das sílabas que até podem virar melodia,
Visto que seguem uma sequência quase musical em minha mente,
Mas que são sentimentos dispersos sem um ritmo constante 
No fundo, tenho ciência de que existem poucos
Não há como ver a dimensão de cada letra
Com visões limitadas
O sentimento por trás de cada junção
É de outro mundo.
E, se um dia alguém descobrir este espaço 
Peço que tente imaginar,  
Ao me ler de dentro pra fora, 
Que a vida que vivi foi um livro 
Sem gênero definido, sem prefácio  
Com páginas corridas sem sentido 
O aglomerado obscuro de quem se entregou
Em todos os lugares onde esteve
Da pessoa que vê beleza no trânsito das 18
Que sente serenidade diante da confusão 
Dizem que o caos desorienta
No meu caso, saiba de uma coisa
Ele é o contrário: norteia.
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