Você espalha cura ou dor?
Se possui um mar de palavras, por que reter as suas ondas quando a praia está deserta de profundidade?
Se o que te encanta é o que importa, por que esconder o seu brilho, sabendo que é dona do seu próprio tesouro?
Você comercializa alívio ou angústia?
Se a sua visão é única, por que se misturar na multidão do senso comum?
Se as suas palavras são o pulso da vida, por que vaguear à sombra do esquecimento, podendo desbravar novos caminhos?
Você anseia por cura ou por veneno?
Se expressar a vastidão dos seus sentimentos traz alívio, por que não tecer com as suas letras um refúgio da correria diária?
Se a paixão é a sua assinatura como escritora, por que não mergulhar na poesia com a mesma dedicação que destina a tudo na vida?
Você ingere cura ou veneno?
Se mede as suas doses com precisão, por que oscilar entre extremos?
Se a entrega é a sua natureza, por que deixar que o medo cale o que o seu coração anseia expressar?
Você fabrica alívio ou angústia?
Se o diálogo é a sua arte, por que limitar sua expressão à penumbra, quando há almas sedentas pela luz de suas palavras?
Se o seu olhar abrange o mundo, por que a sua escrita se confina aos recônditos da mente, havendo tantas histórias para narrar?
Você é a cura ou o veneno?
Se o temor não te imobiliza, por que hesitar em dar o próximo passo?
Se a timidez é um véu, por que não desvendá-la diante do encanto do cotidiano?