O crime popular
Embriago ao volante
Kms acima pra não se atrasar
No couro do carro
O cabelo loiro
No banco de traz
Pra ninguém se alarmar
Dedos deslizantes no painel e em meu corpo
O tanque pedindo pra se alimentar
Aguentei relutante
O tranco do vento
Pedi para o tempo desacelerar
Parei no sinal
No segundo infinito
Vi você, majestoso,
Na faixa a atravessar
O semáforo abriu me peguei distraído
Você é o homem que fez suspirar
Na marcha passando
Tremendo, pedindo
É passar mais uma
Pra não engasgar
Só piso no freio se for impulso
Acelero constante pra aproveitar
O ritmo lento, corrido, profundo
Inconstante o bastante pra me atormentar
Eu penso parada,
em movimento ou dormindo
Preciso acordar pra não me acidentar
Os gritos, protestos
Quase como um gemido
As regras pensadas
Para nos proteger
Nem sempre funcionam
Eu sei, admito
Prefiro descobrir pra depois confiar
As rodas girando,
Rotina, instinto
Os pneus muito cheios
Para não desviar
O radar sempre aponta
a chegada ao destino
O ritmo frenético a ultrapassar
Nas faixas contínuas
O compromisso firmado
Nos pontilhados a mente
A fantasiar
Viagem no tempo,
Rota do destino
Ferramenta divina
Para transportar
Companhia, sozinha
Em trajeto ou percalço
Obra-de-arte, objeto
Sempre dá para alcançar
O céu, tão tangível
O túnel a seguir
Sensação inundada
É só se entregar...
E seguir!