O fim, embora odiado, hoje se fez necessário. A situação foi como uma daquelas coisas que, mesmo por impulso, carregam consigo o direito de mudar uma vida. Afinal, não há o que se pode fazer quando já não é mais possível ignorar. Não é porque é bom que não precisa acabar.
As preciosidades singelas foram tão infinitas. Talvez o brilho seja algo que se recupere com o tempo. Eu sabia que iria corroer, mas imaginei que fosse capaz de resistir. Nem achei que fosse, real, o momento e o peso que carreguei foi subestimado quando entregue.
Normalmente, a solidão se aconchega na razão que ocasionou a partida e chega a ser inconstante a maneira com a qual se combinam. Foi um desperdício do tempo dedicado ao futuro impossível e do sentimento – idealizado – já planejado e sentido.
A imagem de um destino sem amor, eliminando todos os requisitos do que imaginei ser uma vida, fez com que desistir se tornasse possível. Perdoar sempre foi mais fácil que deixar ir. É impossível sem e impensável pedir para ficar.
Foi o único momento em que a proximidade deu tanto quanto a distância. Pela primeira vez, não houve nada que pudesse ser feito ou dito. O silêncio foi tão conveniente quanto o sumiço e única coisa palpável foi permitir que fosse. No fim, tornei os percalços em oportunidades de transferir a responsabilidade de levar o que desconfiava não ser meu ou me deixasse sentir um pouco mais daquilo.
Depositar em você a minha vontade para que se tornasse sua. E você, covarde, apropriou-se e me mostrou – superior – o caminho. Os apertos que abriram feridas se eternizaram no corpo como cicatrizes. Virou convívio, prática habitual – esquecer que passou por aqui.
adaptado em 29/jul/2023