Você foi sem o último beijo
Ou será que fui eu quem parti sem avisar?
Eu esperava os planos, o sonho
Mas nunca fui clara acerca das expectativas, eu sei
Como esperar uma certeza
Quando tudo o que teve de mim
Foram reticências e pensamentos proibidos?
Eu sabia que não devia, mas esperei um “fica”
Da última vez que te dispensei
E, embora, o sentimento tenha se forjado
De uma conexão que só rendeu prazer,
Foi intenso o suficiente pra que você percebesse
Que o olhar não era desejo, era paixão
Que esse fogo todo que incendiou
A sala laranja, a parede branca e o assento solitário do banco de trás
Apagou qualquer racionalidade
Interposta entre a realidade que vivíamos
Eu esperava que me buscasse quando estava só
Seria injusta não falar que o fez
Mas o encontro, embora terminasse na exaustão, deveria se iniciar com o encanto
A vontade não era momentânea, mas constante…
E nunca parava depois de eu me recusar a pedir pra parar
O toque escorregadio entrelaçava o corpo
Mas precisava que as mãos firmes entrelaçassem a alma
Você sabe que são suas as palavras que escrevo
O segredo que guardo
E os suspiros que arrepiam
Talvez, realmente, eu nunca tenha precisado falar
Mas, se percebeu, o que o silêncio fala quando a boca cala?
Não consegui entender.
Respeito à distância que solicitei?
Covardia diante da grandeza do que sente?
Insegurança por conta do medo
Ou, de fato, indiferença à forma como me entreguei?
O que foi tudo o que aconteceu?
O início do que era pra ser
Uma prova do que podemos ter
Ou um até logo de outra vida que nem sabemos se existe?