Chegou de mansinho como quem não queria nada além de viver
Me fez sentir as ondas indo e vindo alcançando meus pés 
Ao invés de mergulhar de cabeça em mar aberto
Parou ao meu lado, me olhou, contou o que planejava e me deixou como quem sabe nadar mas tem medo da água
Eu queria entrar, me arrepiar enquanto a profundidade se aproximava do umbigo e sentir aquele friozinho, inseguro e feroz, subindo pelo meu corpo
Mas fiquei na areia, observando...
Rezando pra maré subir, chegando até mim sem que eu precisasse adentrar 
Por mais próxima que estivesse, meu receio fez com que parecesse cada vez mais distante
Até que fui invadida, inundada
E lá estava eu... Em alto mar.
Boiando, sabendo que os próximos segundos seriam definitivos na escolha de afundar ou permanecer ali, controlando a respiração, inerte... Até que o tempo me afastasse da margem.
Foi quando resolvi pedir ajuda, compartilhar o desejo de navegar sem que o fim fosse inevitável
Lá estava... com um bote salva vidas e uma toalha sequinha pra cessar o frio
Puxou-me pra dentro do barco, acolheu-me e disse que, talvez, na próxima aventura marítima, estaríamos juntos
As questões gigantescas que se despertaram diante da paisagem azul infinita foram substituídas pela sensação única de não me sentir só, ou melhor, de ter alguém pra enxergar quando voltar à superfície depois de, voluntariamente, escolher descobrir o outro lado do oceano.
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