As respostas de sempre que o mundo deu necessitam de uma interpretação que vai além de minha capacidade. Acordar e pensar “meu amor, quero te ver só mais esta noite” é simples até o momento em que abro a porta do seu carro. Dali em diante é repetir pra mim mesma que será a última vez.
Enquanto sinto o seu cheiro e o gosto doce do seu beijo posso esquecer, por um segundo, que nenhuma indisponibilidade poderia atrapalhar o que você tem despertado. Enquanto as suas mãos deslizam pela minha cintura e, outrora, seguram firme o meu pescoço, a frase que me pediu na primeira noite insiste em ficar na ponto da língua: “eu sou sua!” Apropriando-me dos pensamentos de Stephenie Meyer, “tenho a sensação de que cada terminação nervosa de meu corpo é um fio desencapado”.
Seu toque tem efeitos devastadores, em especial quando não posso me render ao desejo de fundir o que sou em você. Por outro lado, um embrulho no estômago me lembra que não pode dizer o mesmo. Concomitantemente, minha forma encantada de enxergar a vida sussurra ao pé do ouvido: “ainda”.
A verdade é que talvez eu também queira tentar minha sorte com você e é difícil saber até que ponto nossas certezas são, verdadeiramente, a nossa consciência apontando o caminho ou a nossa vontade, desesperada, de que algo aconteça. É frustante separar as realidades e injusto demais reconhecer que o sonho realizado, necessariamente, significaria o pesadelo para um outro alguém.
O mundo cada vez mais cheio de ruídos demonstra o quanto as palavras são ditas de forma aleatória sem que sua real importância seja exteriorizada. Isso faz com que a minha vontade de ir embora aumente: os sentimentos estão aparentes nas palavras mas as ações não podem ter a proporção que merecem. Quero ir, mas, por algum motivo, não consigo.
O inverno vem chegando e eu sinto – com clareza – que gostaria que estivesse comigo em todas as outras estações. Se disser que sou o motivo do seu sorriso, em todas elas você terá minhas mãos para entrelaçar às suas. De tudo o que eu disse, querido, só te peço uma coisa: ainda que não dê em nada, não permita que sua vida permaneça a mesma depois de minha passagem, pois tudo mudou desde chegou por aqui. Você trouxe esperança!
O mundo cor-de-rosa está de portas abertas. Sua mistura de preto, vermelho, branco e azul escuro (nesta ordem) permitirá a minha entrada?