A única vez que, realmente, consumi bebida alcoólica. Era vinho. Aniversário de uma das pessoas mais importantes da minha vida. Tiradentes. Festival de Gastronomia com Orquestra Brasileira de Música Jamaicana. Tudo perfeito como tinha que ser.
Naquela noite, embora a bebida não tenha me afetado a ponto de modificar a minha plena consciência, fiquei pensando no porquê de eu preferir, a todo instante, ter cem por cento de mim mesma. Isso se reflete à fuga do álcool, a escolha de lugares e, sobretudo, à permissão de pessoas que mantenho por perto.
Talvez, você nunca tenha se perguntado. Mas eu, na pequenez de minha vida Bohemia (quase inexistente, né?), pude experimentar – na rotina ou em circunstâncias baladeiras – bebidas, sensações e pessoas. Independente de classificação, senti sabores amargos. Na alma, no paladar e no corpo.
Algumas vezes mais raras, encontrei doçura daquelas que não enjoam, só nos fazem querer mais. Em outros momentos, todavia, provei mistérios, daqueles que a gente não sabe os ingredientes (ou a essência), embora queira muito descobrir a origem de tamanha complexidade.
Como os vinhos e espumantes, em especial, harmonizam com determinadas comidas, algumas pessoas nos deixam em paz com o universo, despertando sensações tão compatíveis que assustam. Algumas companhias são propícias para dias quentes, como a cerveja e gente de alto astral. Outras, esquentam em dias frios, como conhaque e pessoas amorosas.
Da mesma forma, existem os deliciosos que nos fazem mal. E, ainda que nos afetem conscientemente, escolhemos ingerir quantidades diárias na esperança de que não nos causem prejuízo a longo prazo. Similarmente, algumas pessoas parecem agradáveis ao serem provadas. Contudo, ainda nos consomem por dentro. Por fim, a pergunta irrefutável: será que saudável mesmo seria deixar de experimentar as bebidas ou as pessoas?