Em lados opostos, o meu olhar atento buscou você ao redor. Do vazio no meio do turbilhão, senti a saudade do que nem vivi E uma vontade demasiada, quase insuportável, de experimentar.
Pensei nas promessas descumpridas, ouvindo "Só Hoje" baixinho em repetição, E percebi a invasão do meu desejo - incontrolável - De que fosse permanente o que toquei de maneira pontual. Então, o sabor do açaí com confete e chantilly que antecedeu o beijo único que eu tanto quis, Lembrou-me de que poderia voltar àquele dia, unilateralmente, só pela boca.
Depois, nos lados únicos de caminhos bifurcados, Segui rumo a um fim conveniente. Do escuro do que não quisemos enxergar, Eu pude ver a sua vontade de que também acontecesse. Logo, iniciamos a luta invencível para desmentir o que já era real. Do meu lado, permaneci esperançosa de que você confirmasse o que, para mim, já existia.
Continuei sonhando com você sendo levado pelo que diz sentir, Ignorando a diferença entre falar e fazer, Ao correr o risco de ser só eu em algo que imaginei ser nós. Reli a história de um futuro que não escrevemos E empurrei para o amanhã apenas pela covardia de ir atrás agora.
Odiando contar com o destino quando sabia o que queria, Fiquei frustada por esperar algo que poderia não vir. No fim, a certeza da subordinação à paixão que sufoca instigou o meu ego a assumir as rédeas.
Sem que eu pudesse evitar, sonhei com a lucidez do que me enlouqueceu E, por fim, fiquei certa de que outras incertezas se adequariam.