Eu esperava o contexto ideal, o silêncio confortável, a luz amarela abraçando o ambiente e a máquina de escrever para relembrar o tempo em que as pessoas se valorizavam.
Como todas as boas surpresas da vida, a força me veio no século XXI. Como uma luz insistente na fresta da porta quando se deseja dormir no escuro, ela foi folha que rasga quando a tecnologia possui camadas e camadas de redundância.
Eu até cogitaria que a força apareceria em uma manhã clara no parque mais charmoso da cidade… mas jamais imaginei que - mesmo pequena - os seus primeiros passos venceriam o cansaço de poucas horas de sono e a timidez de compartilhar a minha fraqueza no meio de pessoas tão firmes em relação à própria arte.
Eu me imaginava forte quando, finalmente, encontrasse forças. No fim descobri que, quanto mais firme me sentir, mais sensível estarei às palavras e as múltiplas interpretações que delas reverberam.
Naquela manhã fria, enquanto as pessoas se encantavam pela chance de conhecer alguém cuja obra admiravam, eu me encantei pela mente por trás dos livros e busquei, em suas palavras, o ponto de partida.
Escrever é se permitir registrar com fragilidade. É se despir de um ponto de vista ao aceitar que a verdadeira história será ramificada em tantas outras versões. A força, então, é só a coragem de sentir. Escrever, todavia, é o sentimento descrito, muitas vezes não compreendido, porém livre para ser solto no universo.
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