Quando a realidade escancara o que a gente esconde
O invisível toma forma e se manifesta
Como um gigante do qual jamais conseguiríamos passar sem enfrentar
E assim, vivendo anos sem contar, sem sentir, sem demostrar
Caímos em caminhos sem volta
Felizes, mas ausentes.
Do amor experimentado e tão pouco compartilhado
Restou o segredo irremediável
Que não cura, mas sacia
Lembra que aqui, por mais longe que esteja,
Já foi distância curta e lar
Foi morada de sonhos irrealizáveis, mas reais
E assim… Seguindo o rumo sem parar pra pensar Guardamos num potinho A coisa mais preciosa que tocamos: um ao outro.
Na minha fé, eu sei que em algum lugar você existe
Está me observando,
se preparando para o nosso encontro corporal.
Você sempre foi o meu sonho e não é porque pode ter o que nunca tive É porque você é o pedaço de mim que foi dividido lá atrás E, agora, aguarda o momento certo para nos fundirmos mais uma vez.
Somos fragmentos de um todo incomparável.
Eu sei que quando peço a Deus a companhia mais pura do mundo
você sorri aí de cima como quem sabe que virá.
E eu, ingênua, Cruzo os traços com o amor da vida para te imaginar Escolho nomes que te seguirão por toda a vida Quando eu não mais puder E descrevam um pouco do que você é Para te anteceder por onde passar.
E você, alma pequenina, sutil
Já é gigante e infinita
E eu te percebo em tanta coisa
Sei que já estamos pré destinadas.
Às vezes, confesso que não me sinto capaz de recebê-la É responsabilidade demais para alguém que só errou Eu não mereço você Mas eu sei, meu pequeno grande amor, Que é só questão de tempo para nos encontrarmos
Se você já conheceu nosso anjo, uma das poucas pessoas que enxergou meu coração por dentro, Sabe a preciosidade que é E que juntos, independente de plano, saibamos guiá-la pelo caminho Até nos reencontramos, novamente, na próxima jornada.
O que é nosso sempre existiu de forma atemporal. Te espero com afeto, pedacinho de mim... E essa certeza me invade a cada instante Venha quando estiver pronta!
O mundo parou enquanto eu corria.
Esperava ficar inerte,
Mas continuei pisando cada vez mais fundo
Enquanto nada respondia ao redor.
Parei pra ouvir o som e,
Se não fosse pela minha respiração ofegante,
o silêncio seria ensurdecedor.
Observei as folhas pausadas no ar,
As gotas ainda presas às árvores,
torcendo pra sentir um pingo de água na pele,
na esperança de que,
no encontro do suor com a pureza,
eu me sentisse minimamente viva.
O mundo parou enquanto eu corria
Eu queria conseguir parar ou dar ritmo às coisas,
mas continuei desesperada,
num estado frenético rumo a um destino incerto.
Olhei as pessoas ao redor: estáticas Expressões de empolgação, medo, frustração, paixão e surpresa Reconheci o meu aspecto totalmente apático, mesmo tão cansada.
O mundo parou enquanto eu corria Mal sabia eu que os obstáculos eram na verdade pensamentos Soltos, embaralhados, perdidos, fortemente desestimulados.
A verdade é que o mundo correu e eu parei: anestesiada, vulnerável, ansiosa pelo recomeço, todavia sem forças para dar um passo à frente.
A árvore era, na verdade, a esperança de que a folha e a gota tomassem seus destinos naturais, próximas ao chão.
A procura pelo barulho era, então, a busca incansável por escutar algo que não seja a infinidade de coisas que penso e sinto.
As pessoas demonstravam minhas próprias emoções, num ângulo diferente pra que eu pudesse, claramente, enxergar
Os pensamentos, bom… São sempre eles: um turbilhão de contextos em um universo no qual só se anda só.
O mundo parou e eu corri, na direção contrária, numa tentativa extrema de encontrar um lugar onde eu possa descansar, pra que eu pare e ele - o universo que vivia em mim, outrora - siga.
Chegou de mansinho como quem não queria nada além de viver
Me fez sentir as ondas indo e vindo alcançando meus pés
Ao invés de mergulhar de cabeça em mar aberto
Parou ao meu lado, me olhou, contou o que planejava e me deixou como quem sabe nadar mas tem medo da água
Eu queria entrar, me arrepiar enquanto a profundidade se aproximava do umbigo e sentir aquele friozinho, inseguro e feroz, subindo pelo meu corpo
Mas fiquei na areia, observando...
Rezando pra maré subir, chegando até mim sem que eu precisasse adentrar
Por mais próxima que estivesse, meu receio fez com que parecesse cada vez mais distante
Até que fui invadida, inundada
E lá estava eu... Em alto mar.
Boiando, sabendo que os próximos segundos seriam definitivos na escolha de afundar ou permanecer ali, controlando a respiração, inerte... Até que o tempo me afastasse da margem.
Foi quando resolvi pedir ajuda, compartilhar o desejo de navegar sem que o fim fosse inevitável
Lá estava... com um bote salva vidas e uma toalha sequinha pra cessar o frio
Puxou-me pra dentro do barco, acolheu-me e disse que, talvez, na próxima aventura marítima, estaríamos juntos
As questões gigantescas que se despertaram diante da paisagem azul infinita foram substituídas pela sensação única de não me sentir só, ou melhor, de ter alguém pra enxergar quando voltar à superfície depois de, voluntariamente, escolher descobrir o outro lado do oceano.
Vem, meu bem Deixa eu te provar que pode ser gostoso Sair do controle e mesmo assim poder escolher para onde ir Relevar as feridas e só pensar em viver Ao meu lado
Do jeitinho que a gente gosta
e nunca sentiu
Entrelaçar as mãos
ao ver que o outro sorriu
Reciprocidade.
Te acordar na madrugada
e ser aconchegada ao deitar
Fechar os olhos
e ver que é verdade
ao invés de sonhar
Vem, meu amor
Virei a noite te olhando dormir
e não tive coragem de admitir:
tô tão na sua
Pareceu bom demais pra ser real
Ainda tenho a sensação
de que esperar pode ser covardia
Só vem, anjo
Traga café na cama mesmo sabendo
que eu não como de manhã
Faça o pouco por mim Te valorizo e tenho desejos a serem concretizados juntos Não quero mais ter que partir O mínimo já seria grandioso
Então vem, coração
Não permita que meu medo
me faça dizer não
Ou que, antes disso,
a gente se perca achando que é paixão
o que o destino já deixou claro
que pode ser a oportunidade,
talvez única,
de ter alguém com quem tudo bate
Vem e fica, reizinho
Divide comigo seus projetos, seus problemas, seus gatos
e todas as soluções que certamente tem pra que esse mundo louco seja tragável
Quero ter pra quem pedir ajuda pra,
quando acampar, na barraca ou motorhome,
encher o colchão inflável
Quero abrir a janela e ver o mar
ou montanhas congeladas...
Retornar o olhar e ver você dormindo,
silencioso, estático...
Até me reparar vulnerável, entregue:
anestesiada.
Não sei quando tempo demorará até você perceber
Tá na cara que quer tentar, mas tem receio de se envolver
Todas as vezes que explicitou feridas, a fim de me afastar
Fez com que eu criasse ainda mais vontade de ajudar
De lá pra cá tenho tentado ser alicerce pra tudo o que queremos viver
Mesmo você tendo tanta experiência
Ainda temos algo a aprender
Sobre amar sem cortes, se entregar sem medo e aceitar ter alguém sempre ao lado
Ainda que isso signifique, inevitavelmente, ignorar o passado
Não esquecer: aprender a lembrar sem sofrer
Se reconhecer no lugar que está hoje
E descobrir que não há nenhum outro onde é mais querido
Te fazer ficar não por ser sua única opção
Mas, por diante de tantas complexidades, nunca ter ouvido um não
O que, obviamente, não se relaciona com apoio incondicional nos momentos em que tá errado
Ser a pessoa que depois de te reprender queira te fazer sentir abraçado
Porque amor é acolhida, sinceridade e insegurança
Porque o que foi tem feito presença
Porque o que está por vir não pode, em hipótese alguma, ser protagonizado por ausência.
As respostas de sempre que o mundo deu necessitam de uma interpretação que vai além de minha capacidade. Acordar e pensar “meu amor, quero te ver só mais esta noite” é simples até o momento em que abro a porta do seu carro. Dali em diante é repetir pra mim mesma que será a última vez.
Enquanto sinto o seu cheiro e o gosto doce do seu beijo posso esquecer, por um segundo, que nenhuma indisponibilidade poderia atrapalhar o que você tem despertado. Enquanto as suas mãos deslizam pela minha cintura e, outrora, seguram firme o meu pescoço, a frase que me pediu na primeira noite insiste em ficar na ponto da língua: “eu sou sua!” Apropriando-me dos pensamentos de Stephenie Meyer, “tenho a sensação de que cada terminação nervosa de meu corpo é um fio desencapado”.
Seu toque tem efeitos devastadores, em especial quando não posso me render ao desejo de fundir o que sou em você. Por outro lado, um embrulho no estômago me lembra que não pode dizer o mesmo. Concomitantemente, minha forma encantada de enxergar a vida sussurra ao pé do ouvido: “ainda”.
A verdade é que talvez eu também queira tentar minha sorte com você e é difícil saber até que ponto nossas certezas são, verdadeiramente, a nossa consciência apontando o caminho ou a nossa vontade, desesperada, de que algo aconteça. É frustante separar as realidades e injusto demais reconhecer que o sonho realizado, necessariamente, significaria o pesadelo para um outro alguém.
O mundo cada vez mais cheio de ruídos demonstra o quanto as palavras são ditas de forma aleatória sem que sua real importância seja exteriorizada. Isso faz com que a minha vontade de ir embora aumente: os sentimentos estão aparentes nas palavras mas as ações não podem ter a proporção que merecem. Quero ir, mas, por algum motivo, não consigo.
O inverno vem chegando e eu sinto – com clareza – que gostaria que estivesse comigo em todas as outras estações. Se disser que sou o motivo do seu sorriso, em todas elas você terá minhas mãos para entrelaçar às suas. De tudo o que eu disse, querido, só te peço uma coisa: ainda que não dê em nada, não permita que sua vida permaneça a mesma depois de minha passagem, pois tudo mudou desde chegou por aqui. Você trouxe esperança!
O mundo cor-de-rosa está de portas abertas. Sua mistura de preto, vermelho, branco e azul escuro (nesta ordem) permitirá a minha entrada?
A única vez que, realmente, consumi bebida alcoólica. Era vinho. Aniversário de uma das pessoas mais importantes da minha vida. Tiradentes. Festival de Gastronomia com Orquestra Brasileira de Música Jamaicana. Tudo perfeito como tinha que ser.
Naquela noite, embora a bebida não tenha me afetado a ponto de modificar a minha plena consciência, fiquei pensando no porquê de eu preferir, a todo instante, ter cem por cento de mim mesma. Isso se reflete à fuga do álcool, a escolha de lugares e, sobretudo, à permissão de pessoas que mantenho por perto.
Talvez, você nunca tenha se perguntado. Mas eu, na pequenez de minha vida Bohemia (quase inexistente, né?), pude experimentar – na rotina ou em circunstâncias baladeiras – bebidas, sensações e pessoas. Independente de classificação, senti sabores amargos. Na alma, no paladar e no corpo.
Algumas vezes mais raras, encontrei doçura daquelas que não enjoam, só nos fazem querer mais. Em outros momentos, todavia, provei mistérios, daqueles que a gente não sabe os ingredientes (ou a essência), embora queira muito descobrir a origem de tamanha complexidade.
Como os vinhos e espumantes, em especial, harmonizam com determinadas comidas, algumas pessoas nos deixam em paz com o universo, despertando sensações tão compatíveis que assustam. Algumas companhias são propícias para dias quentes, como a cerveja e gente de alto astral. Outras, esquentam em dias frios, como conhaque e pessoas amorosas.
Da mesma forma, existem os deliciosos que nos fazem mal. E, ainda que nos afetem conscientemente, escolhemos ingerir quantidades diárias na esperança de que não nos causem prejuízo a longo prazo. Similarmente, algumas pessoas parecem agradáveis ao serem provadas. Contudo, ainda nos consomem por dentro. Por fim, a pergunta irrefutável: será que saudável mesmo seria deixar de experimentar as bebidas ou as pessoas?