Quando o amor chegar, você saberá. Porque será leve e acordará sentimentos que você nem acreditava que ainda existiam.
Quando o amor chegar, por mais que tenha medo, toda a insegurança se transformará em uma vontade gigante de ir além e os planos – que antes não faziam sentido – passarão a ser o alicerce de qualquer coisa que chegue perto da felicidade para você.
Quando o amor chegar, você ouvirá músicas fofas e, se tiver sorte, talvez elas venham na voz do amado e, quase sempre, os filmes de romance ficarão menos frequentes porque não precisará assisti-los para se projetar, pois você os vive.
Quando o amor chegar, as ruas terão cheiro de dama-da-noite o ano inteiro e o melhor perfume da vida será aquele que te faz lembrar cada pedacinho do corpo da pessoa.
Quando o amor chegar, as risadas serão mais descontraídas, as aventuras mais discretas e você se perguntará o porquê de não ter se permitido sentir isso antes.
Quando o amor chegar, os anseios serão partilhados, a felicidade multiplicada e os constrangimentos divididos. Por mais que, eventualmente, outrem te ofereça a solução para qualquer problema, você ficará tranquila por saber que chegará em casa e terá um colo pra te acolher. Afinal, o que realmente importa é sentir o calor daqueles braços… o resto é secundário.
Quando o amor chegar, você desejará que ele fique. Todavia, talvez seja preciso deixar que ele se vá. Amor também é o entendimento acerca da liberdade e das limitações do outro.
Quando o amor chegar, ele te mudará e, vez ou outra, deixará feridas. Em alguns casos, estes machucados se transformarão em cicatrizes que serão responsáveis por te lembrar, para o resto da vida, que alguém passou e fez estrago. E está tudo bem.
E por que não nos referir às sextas como sinônimo de esperança? Por que não lidar com as coisas como se tudo fosse, basicamente, a véspera de um descanso próspero e feliz? Chega a ser triste, mas, muitas vezes, o nosso maior problema está implícito na espera por algo póstumo.
Por que não viver e fingir, singelamente, que todos os outros quatro dias úteis da semana são sextas? Ou até mesmo que todos os demais são como as segundas… que não tem fim! Qual limitação da mente explicaria a certeza da inexistência do amanhã em contrapartida ao desejo de controlá-lo?
Se não há certezas, cada dia é tudo o que se tem. Sem passatempos ou contratempos, a firmeza de se negar não viver deveria embasar o aproveitamento de cada segundo de forma individual. Afinal, quem saberia o que será depois de agora? Ninguém que seja capaz de apontar o caminho, visto que o único responsável nos deu o presente da escolha.
Por que deixar que a ansiedade das segundas assim como o tédio das quintas passem a nos consumir diariamente? Por que os domingos – marcos do recomeço – precisam de uma nuvem cinza, mais preocupada em escurecer o tempo do que em propiciar danças na chuva?
Já pararam para pensar que o primeiro dia útil da semana é, na realidade, o início da trajetória pela qual realizamos sonhos? Que nele todos os laços invisíveis e intensos se revitalizam, cujo encontro da rotina – que quase sempre nos corrói – é, visivelmente, necessário? Talvez único e enérgico?
Por que tanta idolatria às sextas se são nelas em que toda pateticidade, carência e inoportunidade se explicitam? Por que não amar, fazer e viver, essencial e especialmente, os sete dias da semana?
Em tempos em que “carpe diem” é estimulado, por que não viver como se todo instante tivesse a mesma importância? Como se todos os problemas do mundo explodissem apenas pela alegria de poder seguir em frente?
Que sejamos mais compreensivos com as segundas e mais gentis com as terças. Mais pacientes às quartas e leves às quintas. Livres como as sextas, ilimitados como os sábados e consequentes como os domingos. Além disso, talvez o mais importante seja sermos felizes com o hoje. E só.
Na racionalidade, não dá para observar A única forma possível de enxergar é estando lá De longe, pensando, só consigo sentir
Se dá pra ter pertinho, Não tem porque construir barreiras Quando todas as intimidades já se revelaram
Tem quem diga que se deve agradecer
Pelo o que aconteceu
E seguir em frente com a certeza
De ter sido como deveria
Mas, se a gente se conhece como ninguém,
É estranho fingir que é como se fosse qualquer outro
E sorrir como se a boca não tivesse sido experimentada
Você está certo quando diz que não dá para ser depois Afinal, como manter distância de quem Esteve a zero centímetros do resto de mim?
Eu estava errada quanto tentei Moldar o amor para permanecer Ele é autoexplicativo e insubstituível Se mudasse já não seria Melhor guardar.
Não precisa ter medo Eu sou assim: Não faço caso quando quero certo Sou intensa mesmo no receio E não te deixo sequer questionar
Sei tocar com carinho Sussurrar, bem baixinho, que desejo mais Sei despertar calmaria E encaminhar até a exaustão
Sou de verdade mesmo
Quando ser de mentira
Parece mais promissor
Pode ser que eu nem goste tanto Mas, às vezes, posso sentir todo o pranto De não ter você aqui.
É que eu não sei fingir E, por mais que eu tente disfarçar, Não é de mim simular. Se eu me coloquei ali, Conte comigo. Gritarei, se necessário, Para que não haja desvios Que eu tô aqui por você, bem meu Não estará mais sozinho.
Eu tenho tentado te colocar aqui dentro. Abro a porta, coloco um tapete de “bem-vindo” e esforço um sorriso de lado para que se sinta querido.
Faço o café e posiciono o guardanapo, milimetricamente alinhado à mesa, para que saiba que cada coisa – aqui – tem o seu lugar. Enquanto conto do dia, bato com o punho um bolo doce com cobertura neutra para te proporcionar o equilíbrio.
Visto o meu melhor vestido para que entenda que a sutileza é uma extensão da minha brutalidade enquanto prendo os cabelos, pretensiosamente, para que o meu perfume se espalhe pelo cômodo a cada vez que o vento bater.
Sento ao seu lado para ser seu apoio. Entrelaço minhas mãos às suas a fim de provar que se encaixam. Eu escolho as palavras para ser assertiva e, ainda que isso me dê segurança, sinto que fica um pedaço do que sou pra trás a cada tentativa de algo que deveria fluir naturalmente. Expresso-me com delicadeza e te ouço com cautela. Travo toda vez que penso em te dizer coisas lindas – que seriam maravilhosas se não fosse a falta de reciprocidade.
Você pode até querer entrar, sentar à mesa e experimentar a comida, mas quero alguém que fique além do jantar. Preciso de quem chegue mais cedo para oferecer ajuda na preparação, que bata na porta e, por saber que está aberta, entre de cara. Preciso de quem roube as etapas à medida em que a receita é preparada. De quem puxe a cadeira para que eu sente e, para me arrancar risos, que se jogue no meu colo fazendo força para esmagar.
Preciso da língua escorregadia com a desculpa de que a cobertura ficou nos cantinhos. De quem não se importa quando a xícara cair no chão e se despedaçar. Preciso da pressão contra a bancada, dos toques firmes e dos beijos sutis. Necessito de quem saiba apreciar a lentidão ao mesmo tempo em que usa a rapidez a seu favor, na hora certa. De quem me puxe para si quando o ar correr e não me deixe escapar durante a noite quando o ritmo pausar. De quem tira delícias da rotina metódica e faça morada para além do estar.
Eu pensei que seria você Pela magia do momento Por ver que, mesmo depois de tanto tempo, Eu ainda era capaz de me sentir acolhida Para além do que é meu.
Pensei que seria você Porque ninguém mais fez tanto sentido E por passar despercebido Qualquer outro alguém que eu tenha interpretado.
Eu pensei que seria você Porque me imaginei ali E, mesmo calada, Soube que você também pôde sentir Agora, fecho os olhos e ainda ouço O seu sotaque todo articulado E sua barba, rebelde, tirando risos do pescoço.
Eu pensei que seria você Pois sua voz me arrepia E o seu toque alivia Toda a amargura De querer o impossível.
Eu pensei que seria você
Porque o Rock substituiu a MPB
E as canções que antes eram só minhas
Ganharam vida a cada linha
E me fizeram perceber
Que somos afinados juntos.
Eu pensei que seria você
No momento que nossos olhares se cruzaram
Quando você parou o carro
E perguntou se eu era quem devia ser.
Eu pensei que seria você Porque a paixão foi avassaladora E o amor concretizado tão inesquecível... Eu pensei que seria você porque senti E foi, de forma irretocável, incrível.
Eu pensei que seria você E não foi Mas sou grata por já ter vivido. Então, meu amor, por favor, Só me dê mais um carinho. Conheça novos ares Reconheça o amor Mas guarde, no coração, Seu passarinho. Para sempre.
É necessário abrir os olhos… Não esses que reconhecem o que está à frente, tampouco aqueles que reparam superficialidades na esperança de encontrarem falhas alheias para que as próprias sejam amenizadas.
Falo dos olhos do amor: os únicos capazes de, verdadeiramente, enxergar. Incomoda-me como as visões têm andado limitadas. Numa sociedade em que a aparência ganha, diariamente, uma magnitude mais importante do que deveria, os nossos valores são deixados de lado e passamos a exaltar apenas coisas que não acrescentam. Diante disso, os olhares que deveriam ser ferramenta de identificação chegam, quase sempre, como uma súplica de auto afirmação.
Quando falo da necessidade de nos atentar, enfatizo, sobretudo, a necessidade de fazê-lo de frente para o espelho. A perdição de nós mesmos faz com que depositemos no outro a responsabilidade de trazer felicidade. Isso é triste.
Ao nos enxergar como somos, das bençãos aos lamentos, nada é capaz de atingir. Ser bem-resolvido remete um pouco o inalcançável, eu sei. Afinal, os nossos impasses só podem ser solucionados por meio de questionamentos que só surgem depois de reconhecidos e ninguém gosta de um sabe-tudo (ainda que seja sobre a nossa própria intimidade). Ademais, o que somos não ofende e o que não nos pertence sequer faz sentido. Deixem que o outro seja louco. Só não enlouqueça por perspectivas externas.
Estamos tão acostumados com a cegueira funcional que os danos se tornam cada vez mais permanentes. Por que raios harmonização facial é mais divulgado que uma espiritualidade trabalhada? Perdemos os padrões para atingi-los. E, ainda que não haja cirurgia ou qualquer outro método que nos dê a oportunidade de voltar ao passado e visualizar postura diferentes, temos a sorte de – a qualquer momento – poder usar os óculos de realidade real.
Depois, chega a hora de seguirmos rumo ao mirante a fim de encontrar um panorama holística de tudo aquilo que nos cerca. Finalmente, com o universo interior desbravado, estaremos prontos para restabelecer todos os nossos padrões de pessoas e lugares, deixando por perto só o que amplia a visão. De qualquer forma, aos usarmos lentes corretivas, estaremos preparados para enxergar as extensões de nós mesmos nos outros, sem a carência de precisar suprir qualquer expectativa. Abrir os olhos é um processo contínuo e cansativo, embora primordial.
Se eu prometer ser sempre paz
Largar tudo e não voltar atrás
Você fica do meu lado?
Eu já cansei de esperar
A gente sabe que o destino tá atrasado
E se eu te acolher, gentilmente, em meus braços Você esquece tudo e abre espaço? Aos pouquinhos, com delicadeza Pra que aprenda, na prática, Que permanência é sinônimo de beleza
Eu te prometo nunca mais ir Você tem tantos dos meus sonhos Meu riso é fazer você sorrir e não te imagino em nenhum outro lugar se não aqui
Eu sei que cheguei de repente E que o desconhecido assusta, demanda demais Se disser que quer, realmente, ficar comigo Posso fazer do seu colo meu abrigo.. e mais.
Mas o que sinto é infinito A entrega limitada não condiz Nós dois, para sempre, é muito mais bonito