Abro o meu peito pro mundo E mergulho Molho os cabelos e finjo afogar
Coragem eu tenho, querido Não sei se eu quero É ter que explorar
Quero cada lugar melhor E passar pelo que não é bom Me permitir quando quiser amar E não me preocupar com o consumo Quero abrir as cortinas Sem chamar a atenção Cair sabendo que faz parte machucar Encontrar equilíbrio no que sinto Sair da tristeza mais forte Sorri ao ressignificar o meu chorar
Dar a cada coisa o seu valor
Quando ver que não cabe, seguir
Dizer com tranquilidade
“Te quero, mas agora precisa partir”.
Eu precisava escrever, mas não era qualquer coisa, não… muito menos alguma indireta por entrelinhas de uma paixão frustada.
Eu precisava falar sobre algo que não me deixa esquecer toda vez que me lembro. E, talvez, eternizar pela escrita coloque em risco a indiferença que tento, diariamente, exercitar.
No entanto, a minha forma de te manter afastado pode ser também a maneira pela qual você consolida a própria distância. Se o meu tempo é gasto pensando, estamos mais próximos que nunca.
Não tem como ignorar o que passa feroz e esbarra. Por outro lado, não dá para fazer morada na companhia de um nômade. Seria corajoso insistir no sucesso, talvez. Mas até que ponto investir no fracasso é sadio?
Pior quando a imperfeição se revela perfeita e se torna, aos pouquinhos, desejo escondido que, vez ou outra, invade. Com isso, o desejo de ir além segue permitindo que pare quando devia correr. E eu pauso, quase em câmera lenta, só para observar.
Você disse que sou um muro e concordo. Minha guarda protege o que tenho de melhor. Quase sempre, tem alguém enxerido querendo ultrapassar, mal ciente de que sequer prejudica a parede. Que pena de quem insiste e que injusto comigo não conseguir receber.
Você não merece a permissão concedida, tampouco conhecer o lado que parece sombrio. No fundo, sabemos (um de nós também sentiu) que divisões possuem data de validade. Pode demandar um exército, mas basta o brecha para desmoronar.
Enquanto isso, espero… paciente, de cima. Em cima do muro, de tudo – você sabe – o controle só muda quando eu me cansar.
Afastando-se das luzes, branco é a ausência de cor e preto é a junção de todas elas. Assim como os pigmentos vão se alterando sempre que misturados, a nossa alma também tem nuances e seus respectivos extremos.
É importante aprender a distinguir quando os sentimentos clareiam o caminho, esvaziando-nos de qualquer tonalidade obscura e, logo, quando a confusão é tamanha a ponto de misturar tudo. É claro que, subordinados à condição humana, sentir demonstra vivacidade, mas saber medir as proporções transforma o existir em uma pintura equilibrada.
Da mesma maneira que procuramos compreender quadros (por mais abstratos que sejam), encontrar harmonia no look do dia (ainda que o guarda-roupa esteja uma bagunça) e buscar desesperadamente a compatibilidade da previsão do tempo com o nosso astral, é necessário saber qual paleta de cor nos cai bem!
De nada adianta lenços estampados em blusas neutras de gola alta se o dia está azul e quente lá fora. Já sabemos que o fluorescente cega e que tons pastéis enjoam e, talvez isso, utilizamos-os especificamente para o carnaval e o inverno, nesta ordem.
Só não entendo a razão de tantas definições. Por que permitimos que as nossas vidas sejam monocromáticas quando, verdadeiramente, há uma infinidade de matizes a serem descobertas e tingidas? Por mais que nos contentemos com a mesmice, subsiste, pois, a possibilidade de fazer um degradê, aceitando adequações mesmo na zona de conforto.
Para pessoas cujo medo de arriscar passa longe, o arco-íris é uma dádiva. Como não associar a alegria a cores vivas, sobretudo como um presente divino depois do cinza? De uma coisa estou certa: não quero nunca permanecer estagnada em artes homogêneas! Sabe aquelas cenas loucas de filme em que o pintor fecha os olhos e dança ao pincelar o quadro levemente? Meu ateliê é similar. O objetivo é transformar grandes obras em perspectivas sutis de enxergar o mundo. Por fim, similarmente a tudo o que reconhecemos como belo – dos contrastes aos encaixes – a nossa realidade também precisa ser colorida.
Estar em paz pode ter diferentes significados. Da conexão com a natureza à sintonia consigo mesmo, também há quem diga que a plenitude se encontra no ter.
Longe de mim fazer julgamentos e querer escolher a melhor forma de definir como cada um se realiza, mas é difícil falar de algo que, para o meu contexto, sempre pareceu intocável. Todos as sensações intensas que experimentei foram ativadas através das pessoas. Não consigo fugir disso, mesmo tentando.
Nada material, no mundo, trouxe a alegria de um abraço apertado, um cafuné gostoso, um beijo apaixonado, um elogio sincero ou um arrepio por ouvir algo inesperado. Gosto de estar sozinha, embora me sinta o meu coração abarrotado de gente querida.
Eu sei que a paz pode ser relativa. No meu ponto de vista, todavia, ela é uma matemática: tudo aquilo que entrego, somado ao que recebo, mais as trocas enérgicas que acontecem neste processo. É claro que, muitas vezes, não é possível juntar todos os elementos para chegar ao resultado esperado. Na verdade, em alguns momentos a conclusão é impossível. Talvez, ela seja inexata, ainda que composta por equações.
Pode ser que a busca por encontrar a paz seja infinita e que tenhamos até nascido destinados a tocá-la, eventualmente, mas nunca possui-la. Nesse sentido, o correr dos dias acaba sendo um teste. Afinal, tudo o que é bom merece um pouco mais de tempo. Contudo, diante do desconforto, como ir ao encontro de algo que sabemos da existência, mas que enxergamos tão distante?
No cenário de insegurança, somos instigados, quase que por instinto, a despertar o nosso pior lado. Todavia, o que seria o auge longe de nossas incompletudes? É necessário entender que só se reconhece calmaria porque o caos é dominador. Ele está sempre aqui, ainda que seja pouco visitado.
No fim, acabo reconhecendo que a minha jornada é repleta de penhascos. Ao observar, vocês saberiam que conheço o pico e o fundo do poço e pulo de um ponto ao outro em segundos. Ademais, a minha capacidade de reconstituição sempre foi perspicaz. Quem corre muito sofre mais impacto.
Além disso, a minha miopia me impede de enxergar o que está à frente, nunca o que está acima. Consigo deslumbrar, do baixo, a luz que assombra e ilumina, outrora. Sei, no fundinho, que também posso subir. Então, a resiliência tem sido o meu maior presente e, ao mesmo tempo, um dos fardos mais pesados que tive que carregar. Às vezes, eu só quero parar entre um salto e outro a fim de juntar o que os extremos afastam.
Estar em paz, logo, é me sentir pequena diante da grandeza de tudo o que existe e reafirmar a presença de Deus através das pequenas coisas. No topo ao fundo, eu sou abençoada. Diante dessa certeza, quero apenas o essencial e descubro que não preciso de tudo. Basta um sorriso arrancado ou fujão. Basta o bem sem precedentes e uma ajuda pontual para seguir procurando uma forma de crescer. Com o tempo, a lei do retorno se encarrega de colocar cada qual na altitude correta.
Daqui, a seiscentos metros do mar, do 21° de um lugar contraditório, sigo radiante com minha maluquez. Tem momentos em que sinto, mais presentes, os meus descontroles pontuais. Nada obstante, sei - perfeitamente - onde encontrar meu equilíbrio. Até lá, abraço as minhas transformações e compreendo que os deslizes fazem parte da escalada. O estrago acaba sendo inevitável... apesar de forçar a criação de novas perspectivas. Independente da posição em que me encontro, quando algo se apresenta, de maneira obrigatória ou espontânea, eu me sinto na obrigação de (escre)ver.
adaptado em 29/jul/2023
Você não precisa ser a mais bonita, ter o cabelo mais alinhado, as sobrancelhas mais desenhadas ou o corpo mais esbelto. A beleza externa se finda com o tempo. Seja interessante!
Procure aprender o que ninguém mais sabe que resiste. Leia bons livros, estude as religiões e as culturas. Ouça boas músicas e saiba conversar sobre tudo, embora prefira não opinar sobre nada. Seja a sua maior carta de apresentação!
Perca a expressão com a chuva e a decência com o seguro. Tatue o seu corpo e carregue na bagagem o que atiça a saudade. Seja original!
Mostre que o bem existe se faz sem plateia e que só por trás dar cortinas o mundo tem salvação. Seja gentil!
Seja desapegada! Doe o que não usa mais. Não se agarre ao que não agrega nada! Saiba que sapatos, roupas, sentimentos e pessoas podem ser guardados em suas respectivas estantes.
Escolha um perfume que reflita as suas paixões e saiba a hora de marcar presença depois de partir. Seja misteriosa com critérios estabelecidos de clareza!
Seja discreta. A simplicidade é extraordinária. Também, não se esqueça de se relacionar com as estrelas... elas expandem os horizontes e nos incentivam a ir além. Um universo novo, no sentido literal, está a uma janela de distância. Olhe para o alto!
Cuide de você e dos seus. Saiba que a saúde nunca será justificativa para a superficialidade. A sua beleza está em suas visões de mundo, não em suas inseguranças. Seja linda, de dentro para fora!
Haja sempre com transparência e responsabilidade. A cabeça em paz no travesseiro vale mais do que uma companhia mal intencionada por baixo dos lençóis. Tenha fé! Ainda que ela se resuma a depositar as suas esperanças em si mesma.
Seja intensa e se entregue! Viva grandes amores e não tenha receio de se ferir. Machucados, com o tempo, são lembranças de algo invadiu. Tenho certeza que as lembranças se atiçam melhor com o toque.
Diga o que sente sem se diminuir, garota. Se correrem de você é porque não merecem a grandiosidade do seu coração. Esteja 100% onde estiver. Seja uma faísca de entrega quando todo mundo só trabalha com eventualidades!
Permita-se sentir medo. Só não permita que ele a determine. Ande por caminhos incertos, outrora. Afinal, não há quantidade determinada de erros para a vida. Seja saiba aos escolher as suas batalhas!
Recomece quantas vezes for possível. Só a sua alma sabe o que merece uma segunda chance. Garanto-te que nunca se arrependerá por seguir a sua intuição. Seja dona do próprio destino!
Descubra o que te constitui e se sujeite apenas ao que merece. Faça tudo o que tiver vontade, moça, contanto que não prejudique ninguém. Siga arrancando sorrisos com as suas histórias impensáveis e selecione muito bem os seus ouvintes. Seja exclusiva!
Aproxime-se de quem não te solta. Saiba aonde se firmaram as suas raízes e aonde abrocharam cada uma de suas flores. Seja um lar!
Viaje, querida! Conheça lugares e se conheça diante do novo. Depois, revisite-os. Experimente a delícia de ver as perspectivas se moldando de mãos dadas com a sua evolução. Feche os olhos e perceba a força das luzes. Nenhuma delas se iguala ao que você ilumina. Seja justa contigo!
Quando o plus encerrar, volte para casa. Não esqueça do lugar no qual só a vida cotidiana é suficiente. Ande nua e se percorra. Dance sem som e saiba o tom de se fazer estar. Seja ciente do que é!
Seja protagonista! Esteja à frente de sua história e não deixe que ninguém escreva destinos que não te pertencem. Viva de forma intensa e seja grata! Descubra que o hoje é agora e que o amanhã não existe. Seja pontual!
Tenha toques suaves, palavras acolhedoras e posturas firmes. Seja tudo o que preencher a sua alma! Você chegará em posições que nunca projetou. Seja mãe, esposa, amiga, filha, advogada, garota de programa, tudo e nada. Preserve a sua casa, compre aquela moto gigante e escreva o que já é seu. Seja artista! Você já foi musicista e ativista de realidades mais juntas. Seja redundante!
Acima de tudo, seja você... e isso é mais do que qualquer coisa que puder desejar.
adaptado em 29/jul/2023.
Só preciso que não esqueça do que a gente viveu
Enquanto eu morar em você tudo lembrará o que a gente perdeu
Talvez a vida se encarregue de trazer você de volta
Por mais que eu abra as asas pro mundo
Quero cantar pra sempre à sua porta
É um risco gigante deixar isso passar Só me diz o porquê de eu ter que esperar Demorei tanto pra pousar em alguém Desaprendi a voar
Ensina-me o caminho de volta
Mas não o que leva pras Geraes
Ensina-me o caminho de volta
O céu da serra é minha paz
Voa comigo. Vem?
Largar tudo pra ser só nós dois...
Voa comigo. Vem?
Descobrir o que Deus reservou pra depois...
O inverno fez você migrar pra mim
A estação já mudará e eu não quero ir
Você habita a imaginação
Mesmo com tempo curto
Sempre teve à disposição
Mas já parou pra pensar? Se o seu colo é o meu lar? Como te deixar passar? Não pode ser o fim.
Ensina-me o caminho de volta
Mas não o que leva pras Geraes
Ensina-me o caminho de volta
O céu da serra é minha paz
Voa comigo. Vem? Largar tudo pra ser só nós dois... Voa comigo. Vem? Descobrir o que Deus reservou pra depois...
Em você encontrei meu ninho
Voe alto e não se esqueça, passarinho.
Quando a gente ainda se enxerga menina A vida vem e te apresenta tão firme Esperar o destino não basta Quando você assume as rédias de si
Não dá pra deixar fluir
Quando só você pode agir
O que quer precisa ter fluxo
Não dá para ir e voltar inconsequente.
Tem instante que a certeza some E todo o sim vira dúvida Mudar é espontaneo E partir é conveniente
Seria fácil se fossem dois
Um só não mexe no todo
Mas o tempo passou, já é tarde
A bifurcação virou destino certo
O escondido já tá claro E o que sumiu já nem deixa saudade Correr livre pode ser legal
O novo invade e te apaga
Eu corro sem parecer fugir
Permaneço sem deixar seguro.
O mais ou menos é frio demais
100% é metade suficiente, mas frágil
O 0 a 0 pode ser quente demais
Qualquer tristeza faz sentido
Eu entendo a euforia dos filmes
É fácil ir embora até partir
Depois, é só isso que sabe fazer.
adaptado em 29/jul/2023
E andam dizendo por aí que a melhor forma de aproveitar a vida é estando, de fato, sozinha - estaticamente solteira. Mas quanto contraste, não? O que aconteceu com as letras de Tom Jobim que soavam quase como um presságio de um destino inescusável?
| "Fundamental é mesmo o amor. É impossível ser feliz sozinho".
A contradição sempre pega no exato ponto final da zona de conforto. Às vezes, até chego a pensar que nossas maiores fraquezas se apoiam em nossas fortalezas supremas e no desejo superficial de se mostrar completo quando falta algo.
Vez ou outra, ouço alguém dizendo que consegue ser feliz assim... vazio! Com uma vida repleta de baladas, bebedeiras e curtições inconsequentes. Agora me digam: onde está o erro de escolher viver uma vida tranquila? Qual o problema em querer verdade, paz, coisas singelas e magnitudes doces diante deste avulso desconserto generalizado?
Acredito que a forma mais verdadeira de felicidade está nos braços daqueles que amamos, não só diretamente no amor carnal, mas espiritual, também. A paz interior e a alegria suprema está relacionada primordialmente ao nosso maior refúgio. À maior ausência de guerra. Propriamente dizendo, submetendo-nos à aqueles que nos querem - e fazem - bem.
Você pode encontrar alegria na solidão, mas saiba que ainda existem pessoas com as quais vale a pena transbordar. Saiba o seu conteúdo, mas não se feche para possíveis alterações. Seguir só deve ser uma escolha como qualquer outra, não um prêmio de consolação para quem ainda não teve sorte. O amor é como a fé irrefutável: intangível, mas variável de acordo com a crença que deposita. Acredite!